Mundo atinge 8 bilhões de pessoas

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“Se não reduzirmos o enorme fosso entre os que têm e os que não têm, estaremos construindo um mundo de oito bilhões de pessoas repleto de tensões, desconfiança, crises e conflitos”

A população mundial chegará a oito bilhões em meados de novembro – resultado dos avanços científicos e das melhorias na alimentação, na saúde pública e no saneamento. No entanto, à medida que a nossa família humana cresce, está também cada vez mais dividida.

A população mundial chegará a oito bilhões em meados de novembro – resultado dos avanços científicos e das melhorias na alimentação, na saúde pública e no saneamento. No entanto, à medida que a nossa família humana cresce, está também cada vez mais dividida.

Além destas tendências de longo prazo, a aceleração da crise climática e a recuperação desigual da pandemia de COVID-19 aumentam as desigualdades. Estamos na direção de uma catástrofe climática, com as emissões e as temperaturas em contínuo crescimento. Inundações, tempestades e secas estão devastando países que em quase nada contribuíram para o aquecimento global.

A guerra na Ucrânia agrava as atuais crises alimentar, energética e financeira, que atingem mais duramente as economias em desenvolvimento. Estas desigualdades têm um maior impacto nas mulheres e nas meninas e em grupos marginalizados que já são discriminados.

Muitos países do sul global enfrentam enormes dívidas, o agravamento da pobreza e da fome e os impactos crescentes da crise climática, tendo poucas oportunidades de investir numa recuperação sustentável da pandemia, na transição para as energias renováveis ou na educação e formação para a era digital.

A raiva e o ressentimento contra os países desenvolvidos estão chegando ao limite.

As divisões tóxicas e a falta de confiança causam atrasos e impasses numa série de questões, do desarmamento nuclear ao terrorismo, passando pela saúde. Devemos frear estas tendências prejudiciais, curar relações e encontrar soluções conjuntas para os nossos desafios comuns.

O primeiro passo passa por reconhecer que estas desigualdades desenfreadas são uma escolha que os países desenvolvidos têm a responsabilidade de reverter – já a partir deste mês na Conferência sobre as Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP27), no Egito, e na Cúpula do G20, em Bali.

Placa COP27, fora do local em Sharm El-Sheikh, Egito
ONU Vídeo/ Runa A
Placa COP27, fora do local em Sharm El-Sheikh, Egito

Espero que a COP27 resulte em um Pacto de Solidariedade Climática histórico sob o qual as economias desenvolvidas e emergentes se unam em torno de uma estratégia comum e combinem as suas capacidades e recursos para o benefício da humanidade. Os países mais ricos devem dar apoio financeiro e técnico às principais economias emergentes para a transição dos combustíveis fósseis. Esta é a nossa única esperança para cumprir as nossas metas climáticas.

Também apelo aos líderes da COP27 que cheguem a um acordo sobre um modelo  de compensação aos países do sul global pelas perdas e os danos relacionados com o clima que já causam um enorme sofrimento.

A Cúpula do G20, em Bali, será uma oportunidade para abordar a situação dos países em desenvolvimento. Pedi às economias do G20 que adotem um pacote de estímulos que proporcionará aos governos do sul global investimentos e liquidez, e ajudará a aliviar e a reestruturar as suas dívidas.

Enquanto pressionamos para que estas medidas de médio prazo sejam implementadas, estamos também trabalhando sem parar com todas as partes interessadas para impedir a crise mundial de alimentos.

O primeiro carregamento de mais de 26.000 toneladas de alimentos ucranianos sob um acordo de exportação do Mar Negro foi liberado para prosseguir hoje, em direção ao seu destino final no Líbano.
Ocha/Levent Kulu
O primeiro carregamento de mais de 26.000 toneladas de alimentos ucranianos sob um acordo de exportação do Mar Negro foi liberado para prosseguir hoje, em direção ao seu destino final no Líbano.

A Iniciativa dos Grãos do Mar Negro é uma parte essencial destes esforços. Ajudou a estabilizar os mercados e a baixar os preços dos alimentos. Qualquer fração percentual tem o potencial de aliviar a fome e de salvar vidas.

Estamos também trabalhando para garantir que os fertilizantes russos possam escoar para os mercados mundiais, que foram severamente prejudicados pela guerra. Os preços dos fertilizantes estão até três vezes mais elevados do que no período pré-pandemia. O arroz, alimento básico mais consumido no mundo, é a colheita que será mais impactada.

A remoção dos obstáculos remanescentes às exportações de fertilizantes russos é um passo essencial para a segurança alimentar mundial.

No entanto, entre todos estes sérios desafios, há também algumas boas notícias.

O nosso mundo de oito bilhões de pessoas pode gerar enormes oportunidades para alguns dos países mais pobres, onde o crescimento populacional é mais elevado.

Investimentos relativamente pequenos na saúde, na educação, na igualdade de gênero e no desenvolvimento econômico sustentável podem criar um círculo virtuoso de desenvolvimento e de crescimento, transformando economias e vidas.

A vila de Chami, na Mauritânia, tem uma usina de energia solar para iluminar a rua principal e um parque eólico para fornecer eletricidade aos moradores e crescentes empresas de ecoturismo.
© Pnud/Freya Morales
A vila de Chami, na Mauritânia, tem uma usina de energia solar para iluminar a rua principal e um parque eólico para fornecer eletricidade aos moradores e crescentes empresas de ecoturismo.

Dentro de algumas décadas, os países mais pobres de hoje podem tornar-se motores de crescimento sustentável e verde, e de prosperidade em regiões inteiras.

Acredito no talento da humanidade e tenho uma enorme fé na solidariedade humana. Nestes tempos difíceis, seria bom lembrar as palavras de um dos observadores mais sábios da humanidade, Mahatma Gandhi: “O mundo tem o suficiente para as necessidades de todos – mas não para a ganância de todos”.

Os grandes encontros mundiais deste mês devem ser uma oportunidade para começar a reduzir as divisões e a restaurar a confiança, com base na igualdade de direitos e de liberdades de cada membro desta forte família humana de oito bilhões de pessoas.

Redação
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Portal do notícias Folha do Estado especializado em jornalismo investigativo e de denúncias, há 20 anos, ajudando a escrever a história dos catarinenses.
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