Cauê foi citado em depoimentos como intermediário de fornecedores de respiradores artificiais. Questionado pelos membros da comissão, ele explicou que atua com importação e exportação de insumos e produtos do agronegócio e que foi procurado por Germano Lincoln para fazer a importação de equipamentos hospitalares.
A empresa de Cauê, conforme explicou, não tem qualificação técnica e não atua nesse ramo, mas ele representa outra empresa, a Brazilian Trade, que teria qualificação para fazer as importações. Ele disse que indicou o empresário Rafael Wekerlin, da Brazilian Trade, para a negociação e os dois dividiriam uma comissão de 1,5% sobre o valor dos produtos importados.
Ainda, conforme o relato de Cauê, um grupo de WhatsApp foi criado para
tratar da logística e documentação do processo, mas o negócio não se concretizou e ele acabou saindo do grupo depois que uma pessoa chamada Samuel (que seria Samuel de Brito Rodovalho) pediu uma comissão para o fechamento do negócio.
Questionado sobre qual sua relação com Germano Lincoln, Cauê respondeu que ele é um indicador de negócios para sua empresa na área de commodities agrícolas. Perguntado se não estranhou o curto prazo de entrega dos respiradores, ele afirmou que naquele momento, pela urgência da situação, não estranhou o prazo, “uma vez que bastaria um avião para transportar os produtos”.
Cauê disse que tentou ajudar da melhor forma para que o negócio fosse concretizado pensando na importância dos respiradores para salvar vidas da população catarinense. Ele reafirmou que a “Brazilian Trade teria qualificação, know how e garantias para fazer essa importação. O grande erro do estado foi não exigir garantias”. Ele considerou inadmissível que o governo, em pleno século 21, não tenha feito uma mínima checagem da qualificação técnica da empresa Veigamed e se ela tinha capital para garantir a operação. “Num momento como este de pandemia, o governo deveria ser ainda mais rigoroso.”
A reunião foi conduzida pelo presidente da CPI, deputado Sargento Lima (PSL), com a participação do relator, Ivan Naatz (PV), e dos deputados Kennedy Nunes (PSD), Valdir Cobalchini (MDB), Moacir Sopelsa (MDB), Fabiano da Luz (PT) e João Amin (PP).
Depoimento fechado
A segunda testemunha ouvida nesta quinta-feira foi o auditor Clóvis Renato Squio, atual gerente de Responsabilização de Entes Privados e de Combate à Corrupção da Controladoria-Geral do Estado (CGE). Por decisão judicial, o depoimento de Squio foi fechado.
O auditor entrou com um pedido de habeas corpus, concedido pelo desembargador Ernani Guetten de Almeida, para poder prestar integralmente seu depoimento à CPI, porque o sigilo profissional, em tese, o impediria de falar. Apenas os membros da comissão acompanharam o depoimento.